Artigo escrito pelo Dr. Vladimir Borin, presidente da Uniodonto Campinas, cooperativa que presta serviços odontológicos de alto padrão de qualidade a um custo acessível
Em toda a relação de trabalho, prestadores e consumidores de serviços encontram dificuldades e enfrentam problemas para alcançarem seus objetivos. Cada lado tem suas preocupações particulares, mas quase sempre dividem algumas dores que podem passar despercebidas. E no universo da odontologia não é diferente.
Esta área da saúde deu um salto tecnológico nas últimas décadas, reinventando-se e trazendo novas perspectivas. Ainda no século passado, tínhamos em mente a ideia de que o dentista era aquele profissional que entraria em cena apenas para tratar alguma questão que envolvesse dor ou cárie. Hoje, são dezenas de serviços de saúde e estéticos oferecidos, que no final do dia garantem um sorriso saudável e bonito a milhões de pessoas. Os avanços são tantos que podemos vislumbrar um caminho em direção à Inteligência Artificial, a qual pode trazer mais eficiência e controle aos diagnósticos e tratamentos, gerando melhores resultados com agilidade, economia e conforto ao paciente sem perder a qualidade da execução.
A principal dor do paciente está relacionada à ansiedade e ao medo de como o tratamento será conduzido. Essas sensações são comuns para muitos deles, geradas, talvez pelo receio da dor física ou mesmo de possíveis diagnósticos desfavoráveis. Quando esbarramos nesse cenário, o profissional, humano que é, pode sentir o peso de sua responsabilidade em tomar importantes decisões clínicas que afetam a saúde de seus pacientes.
Outro ponto em que a relação entre paciente e dentista se cruza diz respeito às inconveniências físicas. Enquanto há um desconforto natural de quem está em atendimento, seja pelo incômodo das cadeiras odontológicas ou por manter a boca aberta por muito tempo, há um desgaste físico tanto do paciente como do profissional de saúde, pois a necessidade de repetição de procedimentos de alta precisão acaba exigindo muito do dentista.
O desafio socioeconômico e educacional também é enfrentado pelos dentistas no dia a dia. Apesar do Brasil possuir o maior número de dentistas do mundo, a saúde bucal do brasileiro ainda é bastante comprometida, colocando os pacientes que chegam aos consultórios em situação de certa vulnerabilidade, afinal de contas, o sorriso é o cartão de visitas de qualquer pessoa. Quando ele tem algum problema de saúde ou estético que requer mais cuidado, isso pode acarretar problemas psicológicos, que o dentista também terá de lidar. Nunca um tratamento, por menor e mais rápido que seja, será apenas um tratamento.
Além de todo fator psicológico que envolve essa relação, é preciso ressaltar o aspecto financeiro envolvido. Os tratamentos odontológicos por muitas vezes requerem muitos investimentos e o custo pode ser um fator que leva o paciente a negligenciar sua própria saúde bucal e adiar a procura por um especialista. Para o dentista, o gerenciamento do consultório pode ser problemático, já que muitos deles são proprietários e acabam absorvendo outras funções, como a gestão do local.
Embora não sejam iguais, os problemas comuns entre pacientes e dentistas acabam se encontrando e existem caminhos em que eles podem buscar soluções conjuntas. Criar uma relação profissional de confiança é um excelente ponto de partida. Quando há flexibilidade, disponibilidade e, principalmente, conversa entre as partes, é possível identificar essas dificuldades mais rapidamente, ajustar rotas e criar alternativas que permitam remover o fardo de um tratamento. Assim, conseguimos tirar um peso daquele que está sentado na cadeira buscando melhorar sua saúde e sua auto estima e também daquele que investiu anos em capacitação e estrutura para zelar pela qualidade de vida de quem o procura.